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Pesquisa aponta que nova geração de católicos é mais liberal que doutrina

O papa Francisco é recebido no Brasil por uma maioria de jovens católicos que, em contraposição à doutrina da Igreja, é a favor da pílula do dia seguinte, do casamento homossexual e do fim do celibato. É o que mostra uma pesquisa do Ibope, divulgada ontem, encomendada pelo grupo Católicas pelo Direito de Decidir, que defende mudanças na postura do Vaticano em relações a questões polêmicas que envolvem direitos individuais (veja quadro). Para especialistas, os dados não surpreendem e refletem a distância entre a Igreja Católica e seu rebanho.
A punição rigorosa de religiosos envolvidos com pedofilia, assédio sexual ou corrupção, recebeu a aprovação de 91% dos católicos. O uso da pílula do dia seguinte é apoiado por 82% dos católicos. A prisão de mulheres que abortam é criticada por 62% dos fiéis ouvidos. Já o apoio dos jovens à união entre pessoas do mesmo sexo é de 56%. Foram ouvidos 1.224 jovens entre 16 e 29 anos — justamente o público da Jornada Mundial da Juventude — entre maio e junho.
“Os números seguem a linha de estudos já publicados em todo o mundo. Na Europa, pesquisas já mostravam há mais tempo que os católicos publicamente não discordam da hierarquia da Igreja, mas, na prática, no foro íntimo, decidem diferentemente”, avalia José Lisboa, professor de antropologia das religiões da Universidade Católica de Brasília.

Correio Braziliense