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Israel pede desculpas ao Brasil por declarações de porta-voz
Quase três semanas após o porta-voz da Chanceleria de Israel, Yigal Palmor, classificar o Brasil como “anão diplomático”, em resposta às críticas do Itamaraty à ofensiva israelense em Gaza, o presidente Reuven Rivlin telefonou a presidente Dilma Rousseff para se desculpar. Em comunicado, o Palácio do Planalto afirmou que “o chefe de Estado israelense apresentou desculpas pelas recentes declarações do porta-voz de sua Chancelaria em relação ao Brasil” e “esclareceu que as expressões usadas pelo funcionário não correspondem aos sentimentos da população de seu país em relação ao Brasil”.
No dia 23 de julho, o Itamaraty emitiu nota condenando a ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza. Na ocasião, o governo brasileiro também convocou, temporariamente, o embaixador em Tel Aviv, Henrique Pinto, de volta ao Brasil para consultas – medida tomada quando o governo quer demonstrar o descontentamento com o outro país. O posicionamento do Brasil foi criticado pelo governo israelense. “A decisão não contribui para encorajar a calma e a estabilidade na região”, dizia a nota oficial. “O que estes passos fazem é dar um apoio ao terrorismo, e naturalmente afetam a capacidade do Brasil de influenciar (a região do Oriente Médio).” A declaração do porta-voz Yigal Palmor veio em seguida. “O Brasil está escolhendo ser parte do problema, em vez de integrar a solução (…) Seu comportamento nesta questão ilustra a razão pela qual esse gigante econômico e cultural permanece um anão diplomático.”
No dia seguinte, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, rebateu as críticas. “Eu devo dizer que o Brasil é um dos poucos países do mundo, um dos 11 países do mundo, que têm relações diplomáticas com todos os membros da ONU. E temos um histórico de cooperação pela paz e ações pela paz internacional. Se há algum anão diplomático, o Brasil não é um deles, seguramente”, afirmou o chanceler. Na semana passada, com a poeira mais baixa, o Brasil decidiu que o embaixador do Brasil em Israel, Henrique Sardinha, deveria retornar a Tel Aviv.
No telefonema desta segunda-feira (11), Dilma disse, segundo o Planalto, que o Brasil “condenara e condena ataques a Israel, mas que condena, igualmente, o uso desproporcional da força em Gaza, que levou à morte centenas de civis, especialmente mulheres e crianças”.
Na conversa com o presidente israelense, Dilma afirmou que tem “esperança de que a continuidade do cessar-fogo e as negociações atuais entre as partes possam contribuir para uma solução definitiva de paz na região”. Para Dilma, ainda conforme informou o Planalto, “a crise atual não poderá servir de pretexto para qualquer manifestação de caráter racista, seja em relação aos israelenses, seja em relação aos palestinos”.
Confira a íntegra do comunicado divulgado na segunda-feira (11) pelo Palácio do Planalto:
A Presidenta Dilma Rousseff recebeu hoje chamada telefônica do recém-eleito Presidente de Israel, Reuven Rivlin.
Na conversa dos dois mandatários, o Chefe de Estado israelense apresentou desculpas pelas recentes declarações do porta-voz de sua Chancelaria em relação ao Brasil. Esclareceu que as expressões usadas por esse funcionário não correspondem aos sentimentos da população de seu país em relação ao Brasil. A Presidenta fez referência aos laços históricos que unem os dois países há várias décadas.
Na conversação dos dois dirigentes foi evocada a grave situação atual da Faixa de Gaza. O mandatário israelense afirmou que o país estava defendendo-se dos ataques com mísseis que seu território vinha sofrendo.
A presidenta Dilma afirmou que o governo brasileiro condenara e condena ataques a Israel, mas que condena, igualmente, o uso desproporcional da força em Gaza, que levou à morte centenas de civis, especialmente mulheres e crianças. Reiterou a posição histórica do Brasil em todos os foros internacionais de defesa da coexistência entre Israel e Palestina, como dois Estados soberanos, viáveis economicamente e, sobretudo, seguros.
Manifestando sua esperança de que a continuidade do cessar-fogo e as negociações atuais entre as partes possam contribuir para uma solução definitiva de paz na região, a presidenta do Brasil enfatizou que a crise atual não poderá servir de pretexto para qualquer manifestação de caráter racista, seja em relação aos israelenses, seja em relação aos palestinos.
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